Apesar de muitos blogues abordarem quase todas as variações possíveis sobre o afectivo, o abstracto e o material, decidi abrir este. Sem invocar as razões que subjazem a esta decisão, defendo a inconformação face à banditicidade, alegre, ingénua ou consciente, que uns obram na extracção do melhor da vida dos outros. Todos temos algum testemunho pessoal a dar sobre enganos, aliciamentos, informações erradas e manipulações afectivas. Analisemos, filosoficamente, os casos que queiram expor.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
I – À Procura da realidade
Na antiguidade o estudo da realidade incidia sobre «o que é isto», quem era o sujeito, procura designada pelo termo grego Episteme. No Renascimento a procura filosófica ensaiou métodos mais empíricos de algum modo inspirados nas novas teorias de Copérnico que destruiu a estática visão do mundo medieval, ao substituir a sagrada revelação da Terra como centro do universo pelo sistema heliocêntrico resultante de observações científicas. Na esteira destas descobertas surgiriam outros investigadores, como Galileu, Gilbert. Kepler, Newton, Hobbes, que confirmariam as deduções de Copérnico. Destes matemáticos, astrónomos, geómetras e filósofos, surgiria a ciência moderna. Simultaneamente, René Descartes compõe as obras Discurso do Método e Meditações.
Desenha-se assim, uma nova abordagem da realidade: ao lado da linha filosófica tradicional da Episteme grega empenhada na indagação da causalidade e da metafísica do ser o «que é a coisa», até ai dominante, surge a ciência – moderna - que investiga as leis da natureza e suas determinações de modo a erguer estruturas teóricas com efeitos semelhantes aos naturais. Todas as ciências tenderiam deste modo a repetir a natureza, mas numa tal dimensão humana, em que o homem pudesse decidir dos seus efeitos quando, onde e como lhe aprouvesse. Ou seja, o homem procura abandonar o papel passivo de habitante subjugado às determinações do mundo natural para assumir o de fazedor do seu próprio destino segundo a sua vontade.
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