quinta-feira, 13 de junho de 2013

- Uma sociedade asfixiada por mentiras Portugal vive hoje intoxicado por duas mentiras colossais. A primeira é a ideia, repetida à exaustão, de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, compraram bens de consuma que não deviam e a que não teriam direito. São acusados de terem gozado férias caras, adquirido automóveis sem necessidade e não terem resistido a todo o tipo de brinquedos tecnológicos, dos telemóveis aos sofisticados tablets. Diz-se ainda que tiveram este comportamento reiteradamente e de forma descontrolada ao longo de anos e anos. Esta seria a razão da nossa desgraça, o motivo do défice e da dívida. Nada mais falso. Um embuste. Quem viveu e esbanjou muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política portuguesa e seus apaniguados. Muitos foram e são os que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do Estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de boys, criaram institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasmas. Atrás deste regabofe veio uma epidemia fatal: a corrupção. Os casos de corrupção sucederam-se ao longo das duas últimas décadas. a Expo 98 transformou uma área degradada, com terrenos contaminados e armazéns ao abandono, numa nova cidade, moderna e sofisticada. In Da Corrupção à Crise, Paulo de Morais, Gradiva, Lisboa, 2013.