segunda-feira, 17 de maio de 2010

Seguindo… No deserto. Nada tem interesse. O centro da vida e do mundo está ali. Como a borboleta ao redor da luz. O fulgor humano do contacto que se almeja e teme. Que dizer? Olhar. Só olhar. Numa admiração sem limites. Contemplação do rosto imortal que se deseja e teme perder. Dele imana atracção. Arrebata. O olhar escuro. Não me deixa. Não o quero perder. Não quero. Que fazer? Como guardar? Como ficar? Que dizer? Ruídos e mais ruídos. Todos fazem ruídos. Logo eu também. Que digo? Não sei. Terá interesse? Pelo menos a luz ilumina-me. Que belo. Que prazer. O tempo corre. Não podes ficar mais. Corres o perigo de cansar. Vá. Anda. Pensa uma próxima. Para voltares a temer que acabe. Para voltares a inventar causas. E o tempo voa. Imaginada luz que nunca te abandonou. Infeliz espírito. Às escuras anos e anos esperando a materialização da esperança. Volverei a ver a luz? Volverei, sim. Volverei a sentir. Que silêncio. Nele estou perpetuamente. Encontrei muitas luzes mas nenhuma como aquela. Atrai-me e faz-me sonhar. Sonhar com a felicidade. Estivesse onde estivesse, acontecesse o que acontecesse, dormisse o que dormisse, aquele olhar atrai-me noite e dia sem cessar. Viver. Que viver? Não sei. Estava bem. A musica encheu me. O som. A harmonia. Joga bem com o olhar. Mais luzes. Dá, luzes. Sim. É verdade. Luzes que não aqueciam. Luzes exigentes. Faltava lhes a doçura. O inebriamento. O amplexo. Assim entrei na vida adolescente. Falei para mim. Em silêncio. Falei para a luz. Em silêncio. E sempre recebia calor. Silêncio. Quente, dedicado, amante. Mas acorda. Não é assim que se está a passar. Que me importa a realidade? É assim que vivo. Que me sinto. Para quê ver o que não quero ver? É assim que quero viver. Qualquer coisa serve para alimentar o corpo. Quando a alma está insaciada. Trabalho. Sair para qualquer lado. Correr para qualquer lado sem ver para onde nem como nem o que fazer. Só contemplar a luz que não me deixa. Flutuar. Imaginar já a companhia. Vou, vou. Caminho ao seu lado. Está a meu lado. Ouve-me e aprova-me. Diz que sim. Que faço bem. E assim aconteceu. Nunca me abandonou esse rosto, esse olhar. O maravilhoso da vida foi sabê-lo sempre a meu lado. Mas isso é imaginação. Isso é sonho. Isso não existe. A esperança existe. E o a luz também. Onde está? Não importa. Se há aparecerá. Surgirá. Inesperada e confortante. Isso pode nunca chegar. Que importa? Se vivo. Quente. Animado. Confortado. E assim aconteceu. Surgiu. Alma iluminada como nunca sacia-se. Insaciável. Quer voltar sempre para a luz. Dissolver-se nela. Alma e luz numa só. Afinal sempre havia. Tinha de haver. Tudo que concebemos existe. Há que saber sonhar. Acreditar. O mundo existe. A luz também. A que almejamos também. Pode nunca encontrar-se. Mas que existe, existe. Esta aí. Resplandecente. Adorável. Encontrada a luz. Reencontrada a luz. Que fazer. Como não perder? A luz! Vida com luz. Que mais se pode desejar? Que bom. Mas como viver? Que há para oferecer à luz que esta não tenha? A luz é luz. Oferecer o obscuro silêncio? Questões? Poupa a luz. Para que não esmoreça. Para que seja imorredoura. Para que seja o que é: luz. Continuar buscando como não achada? Não, nunca mais. Ela existe. Não a podes perder, nunca, nunca mais. Mas como? Que tenho para dar? Que bom. Ocupar o tempo. Tempo. Tempo...

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