quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Diálogos Fictícios I , O que é o Tempo

Olá, O que é o tempo? Os estados do tempo são tradicionalmente quatro. E os estados da tristeza e da alegria? Parecem mais difíceis de categorizar. Mas existem porque os sentimos, sem todavia nos preocuparmos muito em os medir já que centimetrizá-los seria esquizofrénico. Assim como uma ondulação, no alto alegria no baixo tristeza? Continuo pensando na sua intuição que me vê triste. Não sei porque a sua observação me tocou tamto. Ando triste porque tenho dificuldades de estudo? Não. Isso trouxe-me maior satisfação à vida; porque tenho os filhos longe? Aqui sim poderá haver alguns grãos. Porque estou velho? Aqui também há alguma coisa. Quanto ao resto da saúde, vida folgada e semelhantes, está rotinado. Haverá alguma outra razão que eu desconheça? Sei que deve haver e vou descobri-la. A menos que o rosto nos engane e não seja o espelho que se crê ser da alma… Que o rosto nos engana é certo.Sempre. Ou quase sempre.O olhar não tanto. E o fundo do olhar, menos ainda.Um dia aqui há muitos anos, resolvi olhar atentamente para o espelho. Num daqueles dias em que tudo está negro e sem remédio.Comecei por ver a minha imagem (uma imagem da qual nunca gostei). Mas depois fixei-me nos olhos. Olhei, olhei, e estava quase a desaparecer no espelho como a Alice no país das Maravilhas quando uma voz se formou dentro de mim (aquelas vozes que nos falam e que nunca sabemos bem se são a consciência, a nossa imaginação ou o eterno anjo que nos acompanha e que apesar de ter todos os motivos para estar farto de nós, coitado, não desiste de nos incentivar, de nos mostrar o caminho), essa voz, dizia-me no seu ultra-som íntimo e pessoal:Olha para dentro, só para dentro, para fundo, muito fundo, que lá dentro tudo é bonito.Fiquei tranquila. No fundo era só o que precisava.Na verdade, é a memória de una voz paterna ou materna, o embalo fora do tempo que nos conforta ao longo da vida. Mesmo quando nos embrenhamos nos labirintos do racional, filosofando ou pesquisando na área da história ou da literatura, o importante é essa voz capaz de dizer nos momentos de dúvida: «nunca duvides do teu valor» ou, nos momentos de dor « Está quase, já vai passar».E os dramas do mundo ficam mais pequeninos e até conseguimos suportar a poesia, a saudade da alma. publicado por deutefa às 23:37

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